Como contei pra vocês no post inicial, pra mim sempre foi muito claro que eu queria ir pra escola de culinária aprender confeitaria, e que eu queria fazer isso na França. Mas acredito que isso não seja muito claro para todas as pessoas, e talvez esse seja o seu caso.
A verdade, é que essa decisão é muito pessoal. Meu marido mesmo insistiu pra que eu fizesse o módulo de cozinha também, mas eu honestamente achei que seria um desperdício gigante de dinheiro, especialmente considerando que eu não sou a maior fã de cozinha francesa (i.e., não como queijo). Mas se você estiver com dúvidas e não souber exatamente pra qual caminho seguir depois da sua graduação, talvez a melhor opção seja fazer os dois cursos: culinária e confeitaria.
Cada escola tem o seu próprio esquema, sendo que algumas cobrem os dois conteúdos durante o curso (por exemplo, a Lenôtre), outras cobrem os dois conteúdos ao mesmo tempo, mas são tratadas como dois módulos distintos (por exemplo, o Le Cordon Bleu) e outras tratam os cursos como duas formações distintas e é necessário terminar um curso pra fazer o outro (por exemplo, o Culinary Institute of America ou o International Culinary Center, pelo que eu entendi). Tudo vai depender dos seus objetivos, quanto você está disposto a pagar e pra onde você quer ir.
Quando eu tomei minha decisão (curso de confeitaria francesa, de preferência na França ou nos EUA), eu comecei a procurar quais escolas ofereciam cursos que atendiam os meus objetivos. Consultei várias escolas, e vocês podem ver abaixo o que me ajudou a escolher/não escolher cada uma delas.
Le Cordon Bleu, Paris (a minha escolhida):
Essa escola, na verdade, era minha primeira opção e acabou sendo a que eu escolhi no final das contas. Eles dividem cada um dos módulos (ou Diplomas) em três partes: básico, intermediário e avançado. É possível fazer os módulos no tempo normal (três meses, 4 entradas por ano) ou no intensivo (1 mês, 2 entradas por ano pro nível básico, 1 entrada por ano para todos os níveis). Se fizer no tempo normal, dá pra fazer culinária e confeitaria ao mesmo tempo. No intensivo, tem que se escolher um ou outro (porque tem aula todos os dias, o dia todo). Os cursos na França são em francês com tradução para o inglês. Na maioria dos outros países o curso também é dado em inglês, com exceção de algumas escolas que dão o curso majoritariamente na lingua local (como na Espanha, por exemplo).
Pontos positivos: flexibilidade. Por eles terem escolas praticamente no mundo inteiro (por exemplo, em Paris, Londres, Bangkok, Sydney, Adelaide, Ottawa, Madrid, Tokio, etc), é possível fazer cada parte da sua formação em uma cidade diferente. Não tem limite de tempo pra terminar todos os certificados (pelo menos até onde eu saiba), e você só precisa pagar o curso que for fazer (ou seja, não precisa pagar todos os três certificados adiantados).
Pontos negativos: o processo é um pouco confuso. Como são três certificados por diploma (e se você fizer culinária e confeitaria, são seis certificados), dá um nó na cabeça saber quando que dá pra fazer um ou outro. Também tive um pouco de problemas na hora de contatar a escola pra fazer a matrícula. O primeiro contato, que foi quando eu pedi a brochura da escola pela primeira vez, foi bastante rápido. Mas como eu só fui fechar a matrícula alguns meses depois, a pessoa que estava guiando o meu processo sumiu, e eu tive que encontrar um moço da escola do Canadá, que acabou me direcionando pro pessoal em Paris.
International Culinary Center:
Como uma das opções que eu tinha envolviam ir para os Estados Unidos, tentei encontrar uma escola que fosse boa por lá. Embora também tenham escolas do Le Cordon Bleu pelos Estados Unidos, aparentemente elas não são tão boas, então acabei desconsiderando.
O ICC oferece tanto o curso de confeitaria quanto o de culinária francesa, mas pelo que eu entendi, não dá pra fazer ambos ao mesmo tempo.
Pontos positivos: localização. Dá pra fazer o curso tanto em Nova York quanto na Califórnia. Se você quiser ir para os Estados Unidos, acredito que seja a melhor opção de escola. A estrutura do curso é parecida com a das escolas na Europa e pelo que vi na brochura, as instalações são excelentes, com professores muito bem qualificados.
Pontos negativos: preço. É bem mais cara do que qualquer outra escola que eu vi na Europa. Não sei se justifica pagar isso tudo, a não ser que você já tenha onde se instalar nos EUA (ou realmente queira ir por alguma razão pessoal). A escola fica razoavelmente longe dos locais com transporte público, então se você não tiver carro, talvez também tenha problema de locomoção (embora eles ofereçam acomodação próximo à escola, com preços camaradas).
Culinary Institute of America:
Cogitei levemente ir para essa escola, mas desisti depois de ver que na verdade o que eles oferecem é um Associate Degree (algo como o nosso curso tecnológico superior), de 2 anos. Não era isso que eu estava procurando, e acabei deixando pra lá. Mas só vi elogios a essa escola, então se você tiver um pouco mais de tempo, ou esteja procurando de fato uma faculdade, acredito ser essa uma boa opção.
Lenôtre:
Tambem foi uma das que eu considerei fazer pela abrangência (o currículo cobre confeitaria e culinária, mas tem um foco maior na confeitaria), pelo preço e por ser na França. Mas desisti por ser um pouco fora de mão (a escola fica em Plaisir, perto de Paris, mas demora um pouco pra chegar lá sem carro), não ter tanta flexibilidade pra escolher quando/onde vou fazer cada módulo e pelo curso ser totalmente em francês.
A Dani foi pra lá, adorou o curso, e contou aqui, aqui, e aqui quais foram as impressões dela e mais alguns outros detalhes.
Qualquer que seja a sua escolha, tenha sempre em mente que dificilmente você encontrará um curso que não seja dado em francês ou inglês.
Por se tratar de um curso que vai tomar quase um ano da sua vida, e que envolve basicamente em morar no exterior, eu não recomendo começar nenhum desses cursos antes de ter certeza que você consegue pelo menos entender alguma dessas linguas sem maiores dificuldades. Não acho que é preciso ter um francês perfeito pra vir morar na França (o meu não é, mas consigo me virar), mas pelo menos entender inglês você precisa pra conseguir aproveitar a experiência e o curso. Com o tempo as coisas vão se encaixando e você vai aprendendo a se comunicar melhor (vai por mim!), mas uma base mínima em uma das duas línguas é necessária sim.